sexta-feira, fevereiro 09, 2007

O brasileiro e a marcação

Foi um colega de trabalho com muito mais temporadas nas costas que disse que o jogador brasileiro só brilha quando não é marcado. Basta colocar um "cabra" no pé do craque durante o jogo inteiro para que a habilidade suma, o brilho se ofusque e a diferenciação desapareça.
O exemplo que ele deu foi o Ronaldinho Gaúcho. Por estar bem marcado, ele não jogou nada nem na Copa nem no Mundial de clubes.
Eu já acho que o Gaúcho nunca jogou bem na Seleção, mas isso é outro assunto.

A afirmação do colega parece fazer sentido, principalmente quando pensamos nas peladas que jogamos na infância e adolescência.
Nesses joguinhos inocentes ninguém quer ser goleiro ou zagueiro. Todo mundo quer marcar gols, ser artilheiro e coisas semelhantes.
A glória está em marcar gols, não em impedi-los.
Nada mais pejorativo quando se é criança do que ser considerado um grande goleiro ou um zagueiro eficiente.

Mais uma coisa que reforça a questão do sumiço sob marcação é a relação "habilidade X hábito". Entendo que o europeu já nasce pensando que a defesa é o melhor ataque. Para eles, é natural pensar em não levar gols antes de marcá-los. Não há magia em um jogo que termine 7 a 6. Muito melhor é 1 a 0 com poucas chances de gol e muitas botinadas nos mais habilidosos.
Obviamente que estou exagerando nas descrições, mas não duvido que as escolinhas de futebol européias tenham essa visão.
Acho até que as argentinas têm um pouco disso.

Mas aí vem o Galvão Bueno e diz que o Brasil não é Penta por acaso e que o futebol brasileiro sempre será superior.
Concordo em parte com isso. Que a habilidade do brasileiro é praticamente inigualável eu tenho certeza. Nem os hermanos chegam lá. Mas já foi o tempo em que o jogo era ganho só em se mostrar a "amarelinha".
Hoje, todo mundo quer ganhar do Brasil e alguns conseguem, que o diga a França, de quem somos fregueses históricos.

Concluindo o pensamento, acho que o Brasil seguirá tendo problemas se não se acostumar à marcação e tiver um senso mínimo de tática e organização.
O tempo do futebol romântico onde só o ataque importa já passou.
Que os craques baixem um pouco a própria bola e mostrem serviço dentro de campo.
Se não for assim, continuaremos e viver do passado e os defensores italianos continuarão a ser os melhores do mundo.
Sinal dos tempos!

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