quarta-feira, junho 27, 2007

Meio tempo

Depois de alguns resultados vacilantes, o São Paulo voltou a vencer e a jogar bem, não necessariamente nessa ordem.
Já é uma evolução muito grande para um time que caminhava para fritar o técnico que chegou a três finais no ano passado.

Contra o Vasco e contra o Santos o São Paulo jogou 45 minutos e foi o suficiente. Cortesia da incapacidade do adversário no segundo tempo.
Contra alguém mais forte, a sorte pode virar, mas pelo menos houve evolução.

Será que isso basta?

De 100% positivo só Dagol desencantando e Aloísio chutando a gol e colocando uma para dentro.
Pouco, mas serve.


Dagol: o primeiro de muitos?



Chulapa: precisa melhorar a média de um gol a cada dois meses

sábado, junho 23, 2007

Mentiras

Achei engraçado só ter recebido este e-mail depois do Zé Roberto ter partido.
Ele anunciou a saída do Santos, não disse para onde ia, se despediu da Seleção (para irritação de Dunga, que já o havia relacionado para a Copa América) e não deu muitos detalhes para a tomada da sua decisão.
Daí apareceram publicações dizendo que estava com medo de sequestros, o Dunga se irritou e o Zé se irritou como réplica.

Foi o império da desinformação até que ele se manifestou e disse que era tudo mentira, que nunca houve esse medo sobre a segurança das filhas no Brasil e que a surpresa era grande por pessoas esclarecidas como o Dunga terem acreditado mais no Bild do que nele.

E dá-lhe complexo de inferioridade, "ame-o ou deixe-o" e outras pataquadas de quem prefere reclamar ao invés de fazer a sua parte.

Com vocês, a carta inventada.

Enviada em: sexta-feira, 22 de junho de 2007 11:05
Assunto: JOGADOR ZÉ ROBERTO SE DESPEDE DO BRASIL-NÃO DEIXEM DE LER

POR QUE NÃO REAGIMOS A ESTE ESTADO DEPRIMENTE DE NOSSO PAÍS?

"Inicialmente gostaria de expressar minha gratidão ao Brasil. Foi com prazer que por muito tempo defendi a camisa canarinho e me orgulhei de ser brasileiro.
Infelizmente este país não faz mais parte de mim.

Por muitos anos vivi com minha família na Alemanha e me identifiquei completamente com o país. A despeito de certos intolerantes e racistas, que são minoria, minha família se integrou totalmente ao modo de vida alemão. Minhas filhas mal falam português e são totalmente fluentes em alemão.

Para voltar ao Brasil, isto pesou muito. Queria que elas se sentissem, como me sentia, brasileiro. Queria que conhecessem o meu país, que falassem a minha língua nativa, queria mostrar o lado bom do Brasil, um pouco diferente daquilo que volta e meia aparece nos noticiários de TV alemão.

A tentativa foi em vão. Muito embora tenhamos ficado em uma cidade muito acima da média do padrão de vida brasileiro, os males que a assolam me parecem regra, não exceção na vida brasileira.
Não nos era permitido andar sem seguranças. Minhas filhas não podiam em hipótese alguma passear ou brincar na rua. Ir à praia que fica a menos de 100m de nosso apartamente também era contra a recomendação do que nos passavam os seguranças e companheiros de clube.

Todo o tempo que estivemos no Brasil, ainda que livres fisicamente, éramos reféns psicológicos. Mesmo sendo um ídolo local, o risco parecia nos acompanhar a cada esquina virada, a cada momento em que passeávamos. A sombra do sequestro ocorrido dois anos atrás com outro ídolo local, Robinho, nos perseguia por todos os lados.

Assistir o noticiário televisivo alimentava ainda mais nossos medos. Por sorte,
minhas filhas não entendem muito bem português. Se entendessem, descobririam um país em que o crime está por todos os lados: está nas escolas, está nas faculdades, está no Judiciário, está no Congresso e está até mesmo na família do presidente.
Imagino o choque cultural para elas, criadas em um país com padrões morais tão rígidos. Me ponho no lugar delas e penso como deve ter sido desagradável esta estadia no Brasil.
O que pensavam quando dizíamos que elas não podiam andar livremente nas ruas?
O que pensavam quando dizia que era melhor não dizer às amigas que eram minhas filhas?
Como entendiam que não brincar na rua, que não passear em parques e que sempre andar com aqueles homens que não conheciam era o melhor para elas?

Minhas filhas devem ter detestado o Brasil. Foi com muita alegria que receberam a notícia de que voltaríamos à Alemanha. Além da segurança, há a questão da discriminação. Embora etnicamente muito diferente da população local, minhas filhas sempre foram respeitadas e nunca vistas com menosprezo.

Aqui no Brasil, onde todas as raças se misturaram e não dá para saber quem é o que,
sofríamos com um tipo de discriminação inimaginável para elas: éramos vistos como
anormais por nossa religiosidade. Por aqui imaginam que negros sofram de racismo na Alemanha, mas praticam uma intolerância inexplicável por sermos evangélicos. Ou, como é dito pejorativamente por aqui, somos 'crentes', palavra carregada de maus juízos.
Dentro do futebol, jogadores como eu que se organizamem grupos chamados de 'Atletas de Cristo' são vistos com ressalvas, especialmente pela mídia que acompanha o esporte.

Por todos estes motivos, levo minha família de volta à Europa. Pelo meu sucesso e também pelas nossas escolhas, o Brasil se tornou um suplício para aqueles a quem mais amo.
Batalhei a vida inteira para sair da pobreza e ter sucesso profissional. Acima de tudo isto, sempre busquei construir uma família feliz e correta.
Hoje, a felicidade de minha família tem como pré-requisito afastá-las do Brasil.
Por isto que, ainda que com tristeza, faço o melhor para elas.

Aos meus fãs, muito obrigado. Ao Brasil, boa sorte."

ZÉ ROBERTO


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UPDATE: Mais informações que desmentem a carta aqui.

sexta-feira, junho 22, 2007

Sem surpresas

Foi uma final sem surpresas. Aliás, foi um campeonato sem supresas.
Todas as partes se comportaram conforme as expectativas e ninguém saiu do script.
Tivemos um Boca calmo e catimbeiro ao extremo, um Grêmio (só) esforçado, um juiz (para variar) conivente e ruim e um Riquelme comendo a bola com vontade.
Tudo no lugar, tudo encaixado. E o resultado não poderia ser outro: Boca campeão da Libertadores jogando no Brasil.
E pior: sendo responsável pela única derrota do Grêmio em casa, que se junta a um clube que já tem o Palmeiras e o Santos.
Como diria Galvão Bueno, "perdeu na hora errada".


Juan Román: monstruo


Tentando deixar o despeito Tricolor de lado, acho que o Grêmio fez muito chegando até a final. Um time onde o Tcheco é considerado craque e que tem em Sandro Goiano um exemplo de raça, só podia contar com a sorte e com a incompetência dos rivais para passar de fase. Mas a sorte um dia acaba e acabou em frente à torcida.
O Grêmio tem um grande conjunto, um treinador competente e equilibrado e uma torcida realmente empolgante, mas para ganhar jogos é preciso fazer mais e isso sobrou no Boca.

Ficam os parabéns pela campanha e o orgulho de ter deixado todo mundo para trás.
Parabéns principalmente ao Mano Menezes, que já entrou para a história do clube com a Batalha dos Aflitos, e que não precisa provar mais nada em Porto Alegre, o que talvez sinalize que é hora de ir para outras terras.
Quem sabe não é ele que o São Paulo precisa para reanimar um time de birra com o treinador atual?


Mano, derrotado. Um bom nome para o Tricolor?


Fotos: Terra

segunda-feira, junho 18, 2007

É preciso coragem

O tema da conversa com os amigos há alguns almoços atrás era o pedido de dispensa enviado por Kaká e Ronaldinho Gaúcho para a CBF. Eles afirmavam, em um fax idêntico, que estavam cansados, precisavam de férias e agradeciam muito a lembrança de Dunga.
Mesmo que já estejam acostumados com essas situações, principalmente depois que os empresários e os treinadores-empresários (salve Luxa) passaram a dominar o mercado do futebol, muitos brasileiros acharam feio esse desinteresse pela Copa América por parte dos maiores craques da Seleção. E acharam ainda mais feio quando Tevez afirmou que, na Argentina, ninguém pede dispensa de uma convocação da Seleção. Se alguém quiser ver algum craque argentino fora da Seleção, que não o convoque.


Os "dispensantes"


Belo exemplo, pena que inútil para nossos milionários craques.
E ainda menos efetivo para a torcida, que acaba esquecendo rapidinho essa "deslealdade" e continua consumindo camisetas e produtos dos craques "cansadinhos".

Mas o Dunga até que ensaiou uma bronca nos meninos quando os convocou para os amistosos em Wembley e os deixou no banco, mas se houve repreensão, a grande imprensa não divulgou nada.
De concreto, só a ausência deles e o respeitoso silêncio por parte dos demais convocados. Parece que era pecado criticar a escolha deles e elogiar a própria conduta de querer defender a Seleção mesmo depois da temporada européia.
Sim, por que cansados deveriam estar todos, certo?

Mas eu tenho uma solução para este tipo de problema, uma solução tão efetiva quanto improvável: não convocar mais Kaká e Ronaldinho até que eles peçam desculpas publicamente e/ou até que surja outro torneio como a Copa América.
Acredito que isso seja efetivo justamente pelo peso econômico que a não convocação representa para esses jogadores. Não há vitrine melhor do que a Seleção Brasileira e não ser fotografado com a "amarelinha" tira os jogadores do foco da mídia e os deixa um pouco menos atraentes para os anunciantes.
Tudo parte de um longo e necessário processo de re-educação, mas continuo acreditando que a coisa funciona, assim como acredito que nada disso vai acontecer já que a própria CBF não vai deixar o Dunga tomar uma atitude como essa.

Uma pena, já que o perfil disciplinador que o Dunga tinha em campo poderia muito bem servir de corretivo para os cansadinhos.

Tomem vergonha, cambada de lazarentos!
Defender a Seleção é um privilégio, não um sacrifício.
Mirem-se no exemplo dos hermanos e pensem um pouquinho menos em dinheiro, só para variar.
A "mansa" torcida brasileira agradece, mesmo que não mereça.

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UPDATE: Esqueci de mencionar a incredulidade de alguns amigos espanhóis com os pedidos de dispensa. Para eles, isso não é coisa que se faça com a Seleção Nacional.
É bom para perceber que não sou só eu que acho isso uma palhaçada de gente ambiciosa.

sexta-feira, junho 15, 2007

Acabou?

Depois do chocolate que levou na Bombonera, poucos brasileiros acreditam que o Grêmio possa reagir e evitar mais um título do Boca na Libertadores.
Dentre esses poucos, me arrisco a dizer que 100% são gremistas. Só eles mesmos para acharem que o time do Riquelme vai a Porto Alegre para outra coisa que não pegar a taça, a exemplo do que já fez contra o Palmeiras e o Santos. Derrotar brasileiros no Brasil parece ser a especialidade do Boca.

E por falar em Riquelme, o excepcional meia que está voltando para o Villareal no fim do mês, literalmente comeu a bola. Fez, deu passe, catimbou, driblou, gritou e ganhou. Só faltou colocar a defesa do Grêmio na roda.
Pensando bem, não faltou não.


O Olé se rende a Riquelme


E é exatamente por causa de Riquelme que eu me junto ao grupo dos que não acreditam que os gaúchos levam essa.
Certamente o Boca não um "Caxias de grife" como disse, em comentário duplamente pejorativo, o dirigente Paulo Pelaipe, o que me faz acreditar que o Grêmio precisa de um pouco mais do que fazer o impossível para ganhar a Libertadores neste ano.
O Grêmio precisa é de um milagre e não sei se isso virá dos pés de Lucas, que está de partida para o Liverpool, mas ainda terá uma chance de mostrar do que é feito ao substituir o desequilibrado Sandro Goiano.

Mas como os gremistas costumam dizer, nada é fácil para o Grêmio.
A esperança é a última que morre, imortal tricolor. Tente a sorte.

quarta-feira, junho 13, 2007

A final

Escolher um lado na final da Libertadores está muito difícil.
De um lado está o Grêmio, a asa negra gaúcha que mandou o Tricolor para casa, merecidamente, é bom que se diga.
Do outro está o time mais popular da Argentina, fato suficiente para meu sangue chileno ferver.

Apesar de não estar em uma boa fase, em nome do futebol eu poderia optar pelo nome de Riquelme, um craque que já fez chover em La Bombonera e que hoje parece caminhar para um semi-melancólico fim de carreira. Pelo menos ele está em casa.
No lado do Grêmio não há ninguém. Quer dizer, ninguém à altura de Riquelme. O que existe é um time aplicado taticamente e muito forte fisicamente. E nem adianta mencionar o nome do Tcheco. Para mim, esse rapaz é, no máximo, bom. Craque, nunca.

Somando prós, contras, birras e higiene, fico com o Boca mesmo.
Por que esse negócio de "o Grêmio é o Brasil na Libertadores" é balela do Galvão.

Vamos, vamos, Argentina, vamos, vamos, a ganar...

Escolhido o lado, chega o momento das já tradicionais previsões.
Ao contrário dos meus colegas de trabalho, eu penso que empatar ou ganhar o jogo de hoje pode ser pior para o Grêmio. O Boca já mostrou no passado e mesmo nesta Libertadores que joga bem sob pressão, principalmente quando precisa buscar o resultado na casa do adversário.
Por isso, uma derrota por 1 a 0 seria de bom tamanho.
E os argentinos que se virem no Olímpico.

Vamos ver se tenho alguma razão ou se só entendo de dor-de-cotovelo e manias de grandeza.

Inesquecível

A piada já ficou velha, mas a cena vai demorar para sair da minha cabeça.



É por isso que eu digo: ê torcidinha!

E o clube ainda queria usar artifícios jurídicos para adiar a punição pela invasão de campo.
Tinha mas é que jogar o Brasileiro inteiro sem torcida!

sexta-feira, junho 08, 2007

Máquina? Que máquina?



Aproveitando esta charge publicada no Lance desta semana, gostaria de comentar o desempenho do novo time do Corinthians naquele que parece ter sido o seu primeiro grande desafio.
Tudo bem que o Santos que estava em campo era o time reserva, mas a diferença de desempenho que se viu nos dois tempos do jogo pode começar a precupar o Parmegiani.

Como tem sido nos últimos jogos, o Corinthians começou com tudo, marcando, correndo, chutando e cercando o Santos no seu próprio estádio.
Os doidos de camiseta preta estavam no Céu, principalmente quando o destruidor de joelhos, Fábio Costa, falhou em um cruzamento e bola sobrou para o zagueiro Zelão, um dos que vieram do Bragantino, estufar as redes.
Era a glória do Timão, que continuou acuando o Santos até o fim do primeiro tempo.

Até aí tudo bem, mas o grande problema é que alguum desocupado já havia inventado o segundo tempo e a coisa pegou.
Os jovens corintianos "pregaram" e o Santos mandou no jogo. Só não mandou mais por que o time é fraco demais, mas foi o suficiente para acuar o Corinthians e colocar um pouco de ansiedade na mistura de sentimentos da torcida.
Foi o primeiro sinal de que o time não é lá tão imbatível e de que é preciso se preocupar com a evolução física e o ganho de experiência antes de comemorar o título.

Aliás, é exatamente a questão física que mais sofreu críticas depois do jogo.
Mais do que um domínio tático e técnico, o que o Santos conseguiu no segundo tempo foi um domínio físico. Ficou a impressão de que o Corinthians deu tudo no primeiro tempo e ficou sem pernas para o segundo.
É bom acender o sinal amarelo na "Marginal s/n" por que o futuro pode ser ainda mais complicado e o próximo time pode ter um pouco mais de competência e preparo físico.

Depois não digam que eu não avisei que o fogo era de palha!